terça-feira, 21 de julho de 2015

Ritalina “pra estudar”

Gente, hoje nosso assunto é Ritalina. Já ouviram falar? Acho que sim. Ritalina é um estimulante cerebral usado cada vez mais no mundo. No Brasil, especialmente, o uso da Ritalina cresce a cada ano. Ritalina se usa pra estudar, né? Pois é, algumas pessoas pensam assim. Isso não deveria acontecer, mas acontece cada vez mais. As pessoas, os jovens principalmente, usam Ritalina para conseguir manter o foco nos estudos por mais tempo. E adianta? Adianta se a pessoa tiver um diagnóstico de TDAH.
TDAH é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Esse nome todo aí é um transtorno psiquiátrico com critérios específicos para o médico fazer o diagnóstico. Os sintomas de desatenção e hiperatividade devem estar presentes desde a infância. Não vale surgirem só na época das provas finais!
E como se consegue Ritalina? Ela é comprada com receita amarela, que é uma receita super controlada. Algumas pessoas tomam Ritalina de amigos que tem TDAH. Será que pode fazer mal? Sim, pode. Pode fazer muito mal. Existem casos de pessoas que começaram a apresentar outros transtornos psiquiátricos bem graves, depois de tomar Ritalina. Elas poderiam nunca na vida manifestar essas doenças e agora precisam tomar remédio pra toda vida. Ruim, né? Eu acho.
Então pessoal, da próxima vez que te oferecerem Ritalina “pra estudar”, vale lembrar dessas coisas. Melhor tomar um banho, respirar fundo, fazer um lanche reforçado e mergulhar no estudo com segurança. 
 

Paula Moretti – Psiquiatra, CEAPIA

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Divertida Mente

Quem nunca imaginou o que passa dentro da cabeça do outro? Ah, quantas vezes já não desejei muito saber o que estava rondando a cabeça dos meus pais, ou da minha amiga quando ela estava estranha, ou do menino que gostava na época do colégio para saber se ele pensava em mim ao menos um décimo do quanto eu pensava nele...
Pois é, o filme Divertida Mente nos dá um pouquinho desse privilégio! Conhecer o que se passa na cabeça de uma menina de 11 anos. E, pasmem: não é muito diferente do que se passa na minha cabeça, ou na sua, ou na da maioria das pessoas que cruzamos na rua.
O filme é aparentemente feito para crianças, mas confesso: acho que ele irá agradar muito mais aos adolescentes e adultos. Divertida Mente é de arrepiar nossa alma do início ao fim. Nos emociona ao tocar nas nossas próprias memórias e lembranças mais antigas. Nos emociona até ao lembrar de tudo que não lembramos, pelo menos não com consciência, mas que temos certeza que também faz parte de nós. De um jeito super simples e divertido, nos explica como funciona o que, na minha opinião, existe de mais fascinante na natureza: a mente humana.
Há quem diga por aí que a grande mensagem do filme é 'a tristeza é muito importante e também deve fazer parte da vida', 'na cultura atual não nos permitirmos ficar tristes, mas a tristeza também tem o seu papel'. Sinceramente? Não acho que um filme incrível desses tenha como por principal objetivo mostrar somente uma mensagem tão simples como essa. Acho que ele vai muito além disso. Não é exatamente que a tristeza tenha uma função importante, mas sim que alegria e tristeza não existem uma sem a outra.
Depois da primeira grande queda de uma ilha (que representavam aspectos da personalidade da menina), como acontece no filme, ou, se pensarmos na vida real, depois da primeira grande perda ou separação na vida, não há mais como não coexistir alegria e tristeza sempre, e sempre juntas. Elas se fundem de tal jeito que nem a maior conquista e celebração estão imunes de virem acompanhadas de uma pitadinha de tristeza. Depois que nossa primeira ilha se desmancha - e sinto informar mas a sensação é exatamente como no filme, de que um mundo inteiro desmoronou dentro de ti - algo muda para sempre. Passamos no vestibular cheios de felicidade, mas carregando a dor de uma fase da vida da vida que chegou ao fim. Recebemos cheios de energia a sensação de uma nova grande paixão, sem esquecer que já passamos por histórias de amor que terminaram. Comemoramos a chegada de um lindo e novo bebê na família, tendo que lidar com o que significa o tempo estar passando...
Se a presença da tristeza tira a beleza da alegria? Jamais! Estou para ver nascer quem preferiria trocar a beleza de suas ilhas reconstruídas e ampliadas após as experiências da vida pelas ilhas ainda intocadas da infância.
Um ótimo filme a todos!
  
Aline Restano – Psicóloga do CEAPIA