quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Separação dos pais: e se esse for o “melhor” caminho?


Eaí, pessoal! Trago para vocês um tema muito recorrente no mundo atual: separação dos pais. É bem provável que vocês tenham alguns amigos ou colegas que tenham pais separados, certo? Embora a frequência seja grande e venha aumentando, como temos visto nos dias de hoje, ainda sentimos “um climão” quando os pais se separam. É bem comum que essa notícia gere esse tipo de pensamento: “Bá, e agora? Como vai ser?”, envolvendo ansiedade e medo. Mas como fugir disso? Afinal de contas, o natural é que os pais sigam juntos “até que a morte os separe”. Pois, então.
Meu objetivo é falar de uma situação específica: quando a separação dos pais vem acompanhada por um sentimento de alívio para o filho adolescente. E aí não se excluem dúvidas e inseguranças em torno do que irá acontecer a partir dessa grande mudança. Muitas coisas podem mudar, como o tipo de convivência com um dos pais. E claro que exige uma reorganização da família. Mas o ponto que quero abordar é que a decisão do divórcio pode significar o rompimento de uma série de brigas e desavenças que vêm ocorrendo num ciclo vicioso. E não me refiro à questão do tempo, mas sim, da intensidade. Como uma tormenta que não tem previsão que acabe.
Os pais que decidem pela separação assumem sua responsabilidade na condição de adultos maduros, que escolhem um caminho mais satisfatório para suas vidas. Ou seja, mostram para seus filhos que desejam algo “melhor”, mais saudável. A mudança se torna uma possibilidade, esta que é sentida pelos filhos como algo verdadeiro. Uma necessidade inevitável que rompe com o status quo, mas que define um novo rumo, uma busca.
Fico por aqui e desejo que vocês sigam refletindo sobre o assunto. Aproveitando a época do ano, nada como “abrir a cabeça” e pensar através de vários ângulos sobre uma situação que, a princípio, é assustadora e traumática, não é?
Que vocês tenham um feliz ano novo, cheio de novas reflexões!


Renata Pechansky Axelrud – Psicóloga do CEAPIA

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Por que não ler?

Oi Pessoal! Vocês já devem ter ouvido de algumas pessoas (pais, professores, avós, tios...) vários motivos importantes para lerem livros. Mas, ao contrário, pensei em escrever sobre algumas das milhares de razões que levam as pessoas a não pegarem em um livro.
A primeira motivação vem ao encontro do desejo que a pessoa nutre em poder se manter na ignorância. É, só pode ser! Não querer ter um conhecimento do mundo e da humanidade também pode estar ligado à vontade de se manter na burrice.
O segundo motivo pode estar ligado à necessidade de privação. Eu explico: ao não ler, nos destituímos de inúmeras possibilidades de crescimentos, tanto intelectuais como emocionais. Desse modo, nos privamos de viver com os personagens momentos de emoção, pensamentos e articulações indispensáveis para alimentar nosso conhecimento e nosso psiquismo.
Permanecer na inércia, provavelmente, deve ser uma intenção forte de quem não mantem o hábito da leitura. Tem gente que diz que só gosta de histórias se forem em vídeos, tvs, filmes. Nada contra as imagens, também gosto delas... mas ficar só nessa, sem ler, recebendo tudo pronto, de um modo passivo, pode fazer com que deixemos de aprimorar nossa criatividade e imaginação.
Para cultivar uma linguagem empobrecida, sem conseguir se expressar com clareza e consistência, é fundamental manter-se longe dos livros! Está mais que comprovado que quem lê pouco ou quase nada tem o pior desempenho em redações e provas escritas, além de maior probabilidade de cometer erros gramaticais.
É importante saber que cada um de nós pode inventar ou descobrir muitos motivos para não aderir ao instigante e maravilhoso mundo da leitura, mas uma coisa é certa: o conhecimento da história e da natureza humana fica prejudicado para quem se mantém longe das inúmeras e fascinantes histórias construídas por tantos escritores talentosos espalhados pelo mundo.
Claro que há muito livro chato por aí..., também não discordo desta afirmação, mas isso pode te desafiar. Sempre haverá livros com assuntos que nos interessam e encontrar o(s) livro(s) das nossas vidas pode ter um prazer inigualável! Só quem tenta e consegue sabe!
Aproveitando...que tal uma passadinha na feira do livro de Porto Alegre? Estará acontecendo até o dia 15/11/15!



Debora Signorini – Psicóloga do CEAPIA

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A redação do Enem e o dia das bruxas

           A prova do Enem foi feita e entregue pelos candidatos neste final de semana, porém alguns assuntos sobre ela ainda reverberam na mídia e nas redes sociais. Dentre eles, o que mais chama atenção é o tema da redação “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.
            Foi preciso que milhões de candidatos Brasil afora (8,4 milhões de inscritos), sentados em suas carteiras, rodeados de outros candidatos, parassem pra refletir sobre esse tema colocando em palavras no papel seu ponto de vista sobre o assunto. Mas não para por aí! Além de analisar o tema, os estudantes precisaram contribuir com uma proposta de intervenção, pensando numa possível solução.
Um clima de polêmica se espalhou como rastilho de pólvora nas redes sociais, que ficaram abarrotadas das hashtags #enemfeminista e #machistasnãopassarão. Violência contra mulher gerando polêmica em pleno século XXI? Pois é!
Que violência é essa, que gera tamanho alvoroço? A violência é um ato que precisa ser posto em palavras para não ser repetido. A prova do Enem, ao fazer com que milhões de pessoas pensem e se coloquem sobre este tema, proporciona um dar-se conta coletivo, implica responsabilização, do ato tira-se o extrato.
Em tempos de liberdade de expressão mascarando a violação dos direitos humanos, da cultura do estupro, da sexualização de mulheres como meros objetos de satisfação, da sexualização de crianças, como o caso da menina de 12 anos participante de um programa de televisão, da admissão do projeto de lei (PL) 5069/13 pela Comissão de Constituição e Justiça, que atenta contra a autonomia da mulher quanto ao seu corpo e suas decisões em caso de estupro, fica claro como ainda não estão consolidados, no Brasil, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Podemos ver aqui a violência contra a mulher reverberando? Temo que sim.
Fica claro que é preciso falar sobre isso. Que essas reverberações entrem em choque com o diálogo social sobre violência contra a mulher despertado pela redação do Enem, fazendo circular discursos e ampliar ideias. Que nesse dia das bruxas, 31 de outubro, uma semana após a prova do Enem ser realizada, não deixemos que mais mulheres sejam queimadas na fogueira do emudecimento, da opressão e da violência.
Luciane David – Psicóloga do CEAPIA

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

E NEM pensar em desistir!

Nos próximos dias 24 e 25 de outubro serão realizadas as provas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – você ai, é algum dos 7.746.271 inscritos deste ano? Se sim, possivelmente essa semana represente momentos de grande tensão para você! Mas calma, estamos aqui para falar um pouco dessa turbulência de sentimentos pré-prova e buscar equilibrar esse período.
Sabemos que no mundo em que estamos vivendo, cada vez mais competitivo, a etapa de passar no vestibular ganha bastante ênfase e pode gerar cobranças por todos os lados. Porém, nessa reta final para as provas do ENEM, definitivamente a pressão não é bem vinda, venha ela de que lado for.
Muitas dessas cobranças vêm da própria família, as quais devem ser bem observadas pelos pais, pois numa dosagem exagerada não traz nenhum auxílio ao adolescente – não é mesmo? Podendo gerar inclusive um efeito contrário, despertando sentimentos como a insegurança que pode prejudicar o desempenho nas provas. Assim, é necessário um equilíbrio no nível de cobrança, pois a falta de interesse dos pais em relação ao Exame também pode ser prejudicial, já que pode ser absorvida pelo adolescente como um fator desmotivador. E cabe ressaltar que o apoio da família é extremamente importante, tanto para a conquista desse objetivo, quanto para acomodar os sentimentos caso ele não venha.
Por outro lado, ou seguindo essa mesma linha de sentimentos turbulentos gerados antes da prova, surge à cobrança motivada pelo próprio adolescente, seja ela genuína no caso daqueles tomados por um alto grau de auto-exigência, ou oriundas de comparações com irmãos, amigos e conhecidos que já passaram por essa etapa. E nada mais compreensível do que sentir-se com medo, ansioso (a) ou inseguro (a) diante das provas, já que está se tratando de um período de decisão na vida. Decisão essa que vai gerar mudanças, e mudanças por mais que sejam positivas, sempre desacomodam, sempre nos fazem ter que nos readaptarmos. E isso é ótimo, pois é sinal de que estamos crescendo em diversos aspectos!
Nesses últimos dias que antecedem as provas, busque prestar atenção a sua saúde, física e emocional. A conhecida frase “sem exageros” se emprega bem nesse momento! É sabido da grande possibilidade de sentimentos desorganizadores afetarem você nessa reta final, então, é extremamente importante prestar atenção a eles e buscar por situações que lhe deem prazer e tranquilidade. Essa é uma etapa certamente importante e possibilitará grandes conquistas, mas é uma etapa e se ela não vier agora outras possibilidades virão. Acredite no seu potencial e esforço desses últimos tempos de estudo e busque focar no momento presente e não nas demandas que ocorrerão passando ou não no exame. Tudo ao seu tempo! E o momento agora é viver uma etapa, como várias outras que você já passou e como muitas que ainda estão por vir! Boa sorte – na vida!!



Karla Amaral – Psicóloga do CEAPIA

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Por que será que preciso disto?

Queridos leitores, hoje gostaríamos de abordar um tema muito presente em nossa rotina: o consumismo. Esse nosso companheiro diário, já está tão incorporado em nossa cultura que, por vezes, nem mais podemos detectá-lo com tanta facilidade. Fica difícil saber se precisamos efetivamente de algo ou se estamos buscando somente a ideia que aquele produto traz consigo.
Queiramos ou não, estamos imersos numa rede que nos bombardeia a cada momento com diversos estímulos de vendas. Estes produtos ofertados são, normalmente, associados a pessoas que nos remetem a algum tipo de admiração, seja por sua fama, por sua posição social, pelo seu corpo escultural, pelo seu talento, pela sua alegria ou qualquer outro aspecto positivo. A impressão é que seria impossível alguém não ser feliz tendo aquelas características e, naturalmente, consumindo aquele produto. O mercado, de forma hábil, mais que nos vender um celular, um tênis, uma viagem ou qualquer outro produto, quer nos passar a ideia que precisamos daquele item específico para viver bem e incorporar toda a “felicidade” daqueles personagens. Isso, de certa forma, nos incluiria neste seleto grupo de pessoas admiráveis. Pior que estar pagando por uma ilusão, é saber que ela é momentânea e que já na próxima semana o produto da moda não será o mesmo, com o lançamento de um equipamento mais moderno, de uma versão atualizada ou de uma nova marca famosa. O objeto de desejo muda e a “felicidade”, há pouco adquirida, já está obsoleta e não serve mais. Mostra-se, desta forma, o lado mais cruel do consumismo: uma busca interminável por uma satisfação ilusória, de curta duração e que custa muito dinheiro. Frustrante, não é verdade?
O mercado de consumo é assim e não mudará. A boa notícia é que o poder de interromper este ciclo foi, é e sempre será somente nosso, consumidores. Não somos obrigados a comprar algo que um ator diz que usa ou aquilo que nosso cantor favorito recomendou, por exemplo. Se isto serve para eles, talvez não faça o mínimo sentido em nossa vida. Pensar sobre o porquê realmente desejo aquele produto, naquele momento, parece ser a melhor estratégia para controlar este impulso de comprar, que por vezes, é quase instintivo. Essa reflexão nos ajuda a considerar que papel aquele produto estará cumprindo em nossa vida: se como algo realmente necessário ou como uma mera busca de satisfação imediata. Assim, longe de radicalismos, até podemos comprar, vez ou outra, pelo simples prazer da compra, desde que estejamos conscientes de ser este o nosso objetivo.
Rompendo com este lógica de modelos prontos e artificiais de bem viver, é esperado que nossas expectativas tornem-se muito mais coerentes com nosso verdadeiro e particular significado de felicidade. Sem toda pressão imposta pelo mercado, é provável que encontremos alternativas bem mais simples e baratas para obtenção de satisfação, seja no encontro com amigos, num passeio no parque ou mesmo nos reencantando com coisas que já temos e que estavam esquecidas em nosso armário. Possibilidades não faltam, basta encontrar as suas. É importante lembrar que, como em qualquer mudança, cada pessoa assimila as novidades de forma distinta, sendo considerado normal até mesmo algum nível de sofrimento neste processo. Porém quando este for sentido de forma muito exagerada, é mais que natural que se faça necessário o auxílio externo de um profissional. 



Alexandre Zortea – Estudante de Psicologia da PUCRS, Estagiário de Psicopatologia do CEAPIA

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Suicídio, que mal é esse?

         Em função da campanha do Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio, o assunto de hoje é muito importante. Por isso: Muita Atenção!
         Você sabia que no Brasil o suicídio é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 14 a 29 anos? Pois é, SEGUNDA!  E que no Rio Grande do Sul o índice de suicídio é o maior do país? Quantas mortes poderiam ter sido evitadas. Quantas vidas abreviadas. Para cada suicídio existe uma estimativa que outras dez pessoas tem a vida afetada. Esse tema, por mais difícil que seja, tem que ser tratado com muita seriedade e atenção.
         Uma das causas de suicídio é a Depressão, pois essa doença altera a maneira que a pessoa vê o mundo. Tudo fica mais cinza, triste, sem graça e a pessoa se sente incapaz de lidar com situações do dia a dia. Existem dois grupos em que o risco para o suicídio é maior: jovens entre 14 e 29 anos e idosos.
         Os jovens acabam tendo muita dificuldade em lidar com as exigências e cobranças do mundo, e por isso acabam se deprimindo. Os idosos se deprimem ao perceber a finitude da vida, a solidão em que se encontram, às vezes acham que estão incomodando os familiares e que já não tem serventia para nada.
         Conseguir lidar sozinho com isso tudo é difícil, pedir ajuda pode ser mais ainda. Mas existem profissionais capacitados para dar esse tipo de assistência. Às vezes temos medo de pedir ajuda, temos preconceito em achar que seremos rotulados de loucos, nos envergonhamos, temos dificuldade em dizer para os familiares que precisamos de ajuda.
         O mais importante disso tudo é que a maioria das pessoas que pensam em suicídio, mesmo que não falem a respeito acabam tendo atitudes que se colocam em risco (provocar cortes em si mesmo, dirigir bêbado, usar drogas, frequentar locais perigosos) ou apresentam mudanças em seu comportamento (ficam mais reclusos, param de sair com os amigos, não têm mais prazer pela vida). Portanto, quando nos deparamos frente a uma situação dessas, o importante é não ignorarmos isso tudo.
         Se algum amigo seu, alguma vez resolveu tomar vários remédios ou fez alguma atitude que se colocasse em risco, não o rotule, pois precisa de ajuda! Avise a família dele ou converse com algum adulto que possa tomar alguma atitude. Lembre-se que basta uma tentativa de suicídio bem sucedida para que você perca esse amigo para sempre. Existem profissionais como médicos, psiquiatras e psicólogos preparados para dar auxilio.


Daniellen Machado – Psiquiatra, CEAPIA

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Tornando-se independente

Olá pessoal! O tema que vamos abordar hoje é sobre a oportunidade ou necessidade que alguns adolescentes têm de morar sozinhos. Esta vivência, algumas vezes, vem com uma mistura de sentimentos!! Ao mesmo tempo em que demonstra crescimento e possibilidade de se aventurar sozinho, adquirir autonomia e a tão sonhada independência traz também algumas inseguranças frente a um modo diferente de levar a vida.
Geralmente essa fase está vinculada a novas possibilidades de estudo com a finalização do ensino médio e chegada do vestibular. Alguns adolescentes mudam-se do interior para uma cidade maior, outros podem usufruir de um intercâmbio para o exterior. Então podem se deparar com as inseguranças do período de adaptação.. Como vai ser a nova cidade? Será que eu vou dar conta da nova rotina de estudos? Será que conseguirei fazer novos amigos ou me sentirei mais sozinho? Entre tantos outros questionamentos.
É um despertar diferente de tudo já vivenciado. Acordar sem a ajuda dos pais, organizar e limpar a casa, ir ao mercado, fazer a própria comida, entre outros.. Bate uma saudade de quando tudo se apresentava pronto e nem era percebido todo o movimento que acontecia ao seu entorno. E agora a responsabilidade de ir à aula, fazer as tarefas, estudar, sem ter alguém acompanhando como e quando as coisas estão sendo feitas. É uma liberdade gratificante que nesse momento depende da consciência de cada um, ou seja, agora cada um tomará suas próprias decisões.
Com o passar do tempo cada um, a seu modo, vai percebendo que aquela insegurança não era tão grande quanto parecia e vão conhecendo seu próprio jeito e aprimorando sua personalidade. Assim, os adolescentes podem perceber que este período vem como uma a possibilidade de se testar sozinho, onde quer que seja, e uma oportunidade de crescimento e amadurecimento. Não deixe de buscar uma ajuda profissional caso necessite de alguém para compartilhar a respeito dessa nova fase da vida!


Marília Bordin Schmidt – Psicóloga do CEAPIA