segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Vestibular: um desafio na relação pais e filhos

Todos nós vivenciamos, em certo grau, a turbulência emocional que é a adolescência: momento de inúmeras mudanças físicas, afetivas; etapa de transformações galopantes, de perdas e ganhos... O vestibular entra na cena adolescente trazendo consigo ansiedades e expectativas ligadas à identidade do jovem: “afinal que caminho trilhar profissionalmente?” é a pergunta, mas ligada a esta surge um questionamento ainda maior: “quem eu, realmente, sou?”. Sem dúvida, sabemos que tende a ser difícil realizar, em plena adolescência, uma escolha segura e clara acerca da vida profissional. Como dizia inicialmente, a adolescência em si mesma exige muito trabalho mental do jovem; ocupa importante tempo/espaço interno deste e é natural sentir-se confuso, por vezes, perdido frente a uma demanda de definições sobre seu futuro.

Muitas e muitas vezes, se sobrepõe a vivência do adolescente e de suas angústias frente ao desconhecido às idealizações dos pais em relação ao futuro deste e de suas escolhas. E é esse ponto que gostaria de hoje pensar com vocês... Refletir sobre a importância de haver uma necessária discriminação entre o desejo dos pais e filho(a), ou seja, de existir uma capacidade desses pais em perceberem verdadeiramente o(a) filho(a) e o que ele(a) almeja, independente de suas preferências! Nem sempre essa é uma tarefa simples e pode sim gerar atritos e desgastes na família.


O ponto que destaco nessa fase do vestibular, tomando essa como uma espécie de “rito de passagem para o mundo adulto”, é o modo como os próprios pais do adolescente lidam com tal experiência e o impacto que essa tem no sentido de “ser” do adolescente! Se estes pais podem suportar as indefinições e confusões de seus filho(a)s, o que é esperado nessa etapa, se acolhem e aceitam dúvidas sem invadir, sem serem aqueles que “tudo sabem”, creio que é possível se criar uma atmosfera muito mais tranquila nessa relação, auxiliando o jovem a encontrar a si mesmo e, assim, a trilhar o seu caminho... Claro, podendo também buscar alguns referencias naqueles que os cercam como pais, professores, entre outros, pois isso faz parte na formação da identidade do adolescente. Para tanto, poder dialogar com o filho(a), aceitar o seu ritmo e compreender que esse é o seu momento, sem depositar nele e em suas escolhas futuras (também profissionais) a realização de sonhos próprios, me parece ser um auxílio fundamental ao jovem no enfrentamento, passa a passo, dos desafios emergidos na adolescência.

Luciana Grillo, Psicóloga e Preceptora do CEAPIA

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Bullying: Não seja uma vítima

Semana passada deparei-me com um programa de TV, no qual a linda apresentadora, dizia algo do tipo: - Hoje faremos bullying com carinho. Logo pensei:-É possível existir bullying com carinho¿
Programa de TV a parte, o fato é que não existe carinho, nem afeto positivo algum em maltratar alguém, causar dano, ou  prejudicar alguém seja  física ou emocionalmente.
Para começarmos conversar sobre um assunto que atualmente está sendo banalizado, penso que é importante definirmos o que é bullying.
O bullying é um padrão crônico e ou repetitivo de comportamento nocivo que envolve a intenção de manter uma desigualdade de poder. Isso significa que um agressor (bully), encontra satisfação em prejudicar pessoas que considera mais fracas dos que ele, a fim de aumentar sua própria sensação de poder (Haber e Glatzer, 2012). Isto é diferente de brigas, ou de conflitos escolares quando os envolvidos estão em condição de igualdade.
Podemos observar diferentes tipos de bullying:
Físico: empurrões, chutes, destruição de objetos, arrancar material das mãos, roubar pertences...
Verbal: palavras, comentários, emitidos com a intenção de ferir alguém, incluindo insultos, zombarias, provocações, palavras discriminatórias, racistas, uso de apelidos indesejáveis, etc...
Relacional: exclusão do grupo social, fofocas, boatos, comportamentos que visam provocar  a sensação de desconforto perante os demais.
Virtual: uso de informações e comunicações ofensivas e difamatórias pela internet, celulares, ou outra tecnologia usada com a intenção de prejudicar alguém.
Você deve estar se perguntando: "Como não se tornar vitima de bullying?"
Pense em suas reações.
Pois a forma como você responde as agressões irá determinar se esses eventos irão se repetir.
Uma pessoa que consegue rir da situação, afastar-se e de qualquer modo sentir-se segura, certamente não será vitima por muito tempo. Por outro lado a possibilidade de que novos ataques aumentem é proporcional as reações emocionais de fragilidade ou de brabeza, se a vitima demonstra que se importa ela dá créditos ao agressor que vai se sentir cada vez mais forte, pois seu prazer é alimentado  pelo sofrimento causado ao outro, pois bullies são pessoas que não desenvolveram empatia, ou seja não conseguem se colocar no lugar do outro.
Você deve estar pensando: "E como aguentar sem reagir?"
Claro que sabemos que não é fácil aguentar insulto. Porém sabemos que os agressores acham divertido levar as vitimas ao descontrole. Assim, para bloquear os bullies as vitimas não devem nunca responder aos ataques, sejam xingamentos verbais, mensagens de textos ou e-mails.  Outra boa possibilidade de sair do lugar de vitima e se fortalecer é adquirindo novas amizades, buscando pessoas para se aliar ao invés de esperar ser aceito pelo grupo dos que o hostiliza.
Por fim, preciso salientar que quem pratica bullying também é uma pessoa que emocionalmente não está bem, pois quem precisa causar sofrimento ao outro para se sentir melhor ou mais forte é porque internamente é muito pequeno e necessita de tratamento psicológico.
Caso você seja uma vitima de bullying, primeiro tente seguir as recomendações de boqueio e de evitação, mas se isso não for suficiente, não hesite em pedir ajuda, seja para seus pais, professores, orientadores escolares e psicólogos.
Não existe nenhum bullying com carinho!

Abraços, Psicóloga Silvia Varela Dian – Diretora Científica do CEAPIA